Pavor de agulha? Nunca tive.
janeiro 20, 2017Sabe aquele medo que as pessoas têm de tomar injeção? Aquela súplica feita ao médico: “Por favor, não me dê injeção, troca por remédio em comprimido!”. Aquele nervosismo no laboratório para coletar sangue, precisa inclusive ficar deitado para não desmaiar. Aquele cartão de vacina totalmente incompleto, porque tomar vacina de injeção nem pensar, quando era de gotinha até ia.
Sabe esse pavor de agulha que a maioria das pessoas parece ter? Então, nunca tive.
A minha vida inteira eu me lembro de meu relacionamento com as agulhas. Quando eu tinha 4 anos, os médicos disseram à minha mãe que eu precisaria tomar o famoso antibiótico Benzetacil todo dia 22 de cada mês. Benzetacil é administrado somente através de injeção e a fama está na dor que essa injeção causa. Dói. Dói muito. Então, todo dia 22, minha mãe me levava até o hospital para que eu “tomasse” Benzetacil e, claro, julho era o mês mais doloroso, porque meu aniversário é dia 23 e eu ficava morrendo de dor dias depois dessa injeção. Foi assim durante 5 anos. Aos 9 anos, um outro médico descobriu que eu não precisava ter enfrentado todos esses anos de Benzetacil.
Ok, eu sempre penso que depois dessa história eu deveria ter ficado traumatizada com agulha pro resto da vida. Imagine: uma injeção que dói horrores, que era aplicada todo mês, durante 5 anos e por fim, descobrir que foi à toa. Mas não me causou pavor de agulha, no máximo uma revolta em saber que usei por anos um remédio que nunca precisei.
Eu fui uma criança que sempre estava no laboratório fazendo exames de sangue, então agulha nesse caso era muito comum. E eu não chorava ou achava ruim, eu gostava mesmo era do lanche ao final da coleta, para quebrar o jejum hahaha
Depois disso, o primeiro anticoncepcional que optei por usar foi justamente o injetável. Eu achava muito mais prático: uma picadinha uma vez no mês e eu ficava livre de ter que tomar um comprimido por dia, durante 21 dias. Que coisa mais chata hahaha
Depois de poucos meses, a médica constatou que a dose do anticoncepcional injetável estava atrapalhando o controle que eu fazia na época para ovários policísticos, então parei com a injeção e iniciei com o comprimido. Lamentei profundamente, porque eu a-do-ra-va o anticoncepcional de injeção, me deixava livre o resto do mês. Agora eu preciso de um alarme eterno no meu celular, porque se ele não despertar, eu esqueço do remédio.
Alguns anos depois, eu seria diagnosticada diabética. Erroneamente diagnosticada como tipo 2, então fiquei 6 meses fazendo tratamento somente com a medicação oral Metformina. Depois desses 6 meses, eu troquei de médico e a médica que até hoje me acompanha, de cara, me receitou insulina. Saí do consultório e caí de paraquedas na loja para comprar canetas e insulina.
Eu aprendi rápido e sem reclamar. Nunca tive pavor, nunca tive “gastura”, nunca tive aversão.
Fico pensando como é a vida de pessoas que têm diabetes e tem medo de agulhas.... Deve ser muito mais difícil. Graças à Deus, eu tenho um fardo que eu consigo carregar :)
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